Pensamentos sobre os grandes Clássicos da Música

segunda-feira, outubro 28, 2002

Liberdade de Audição

Uma coisa boa de internet é isso... você ouvir alguma musica no radio, ou na casa de um amigo, e só sabendo o nome, já da pra ouvir de novo em casa, sem precisar sair procurando em lojas pelo CD do artista. Por mais que isso possa parecer prejudicial ao autor da música, uma vez que nós não estamos comprando o produto deles, eu acho o contrário. Mp3 na internet é propaganda. Quantas vezes eu não ouvi uma música de alguma banda, achei legal o som, e fui atrás de outras coisas dessa banda na internet, e acabei gostando da banda, ouvindo mais coisas, até acabar comprando um CD deles.

É claro que as gravadoras vão reclamar, dizer que é pirataria, que estão levando um prejuízo absurdo com essa história, mas eles não pensam no lado do artista. Tirando uns aproveitadores que aparecem só pra ganhar dinheiro (vide post anterior) quantas bandas começam a tocar, gravam um CD em uma gravadora pequena, e ficam nisso, por não ter divulgação nem chance de tocar nas grandes redes de radio e televisão? Eu já ouvi muita coletânea, trilha sonora de filme e músicas na casa de amigos que me fizeram procurar outras músicas desses artistas, e a internet possibilitou isso. Eu nunca iria gostar (ou conhecer mesmo) de John Mayall se não fosse a internet, que me possibilitou ouvir as primeiras músicas do cara. E tantas outras bandas que ninguém conhece, e que a gente vai garimpando e acaba descobrindo manifestações musicais muito bem feitas, que põem no chinelo muita bandinha que ta fazendo "sucesso" na mão das gravadoras.

Um dos precursores dessa explosão do mp3 na internet foi o Napster, programinha bem bolado de troca de arquivos musicais, que levou ao desespero as grandes gravadoras, por "incentivar a pirataria" e "a quebra dos direitos autorais". Tudo bem que existem pessoas que se aproveitam da disponibilidade das músicas na rede e acabam comercializando CDs ilegais com as músicas copiadas, nem sempre com a qualidade do CD original (que o mp3 hoje em dia consegue chegar, se não a uma qualidade perfeita, mas num ponto onde a grande maioria das pessoas não consegue notar diferença). Isso sim deveria ser punido pelas autoridades, as Grandes gravadoras deviam processar todo e qualquer um que for encontrado gravando, distribuindo ou vendendo CDs piratas, algumas vezes de uma forma totalmente livre e sem preocupações. A Associação de Gravadoras Norte-Americanas entrou com um processo na justiça e fechou os servidores do Napster. Fechou também o AudioGalaxy, e outras formas de troca de mp3. Fechou também a melhor forma de divulgação das pequenas bandas, que não tem a grana necessária para uma divulgação, e que só tem o caminho da internet para aparecer no cenário musical.

Quero deixar claro que não sou a favor da copia indiscriminada de mp3 da rede, e sim da sua divulgação, para que pessoas como eu ou qualquer outro possa ouvir não somente o que as Gravadoras querem, mas o que a gente gosta, que é música de qualidade e sem modismos, que são a verdadeira forma de expressão musical. Se você encontrar uma música de alguma banda desconhecida, mas que você goste muito, compre o CD dos caras. Se possível, descubra um e-mail ou endereço de verdade, e escreva para esse artista, avisando que conheceu a banda através de um mp3 que está ilegalmente na rede, mas que fez com que pelo menos um CD fosse vendido. Se as gravadoras não pensam assim, vamos fazer os artistas entenderem que o que importa é que eles sejam ouvidos, e não que a conta bancária deles esteja cheia.

quinta-feira, outubro 24, 2002

Veríssimo

Eu sei que eu to meio parado pra escrever, to meio sem inspiração e tal... então aí vai um exemplo do que eu gostaria de escrever um dia...

- Texto de Luiz Fernando Veríssimo:

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "experimenta, depois, quando você quiser, é só parar..." e eu fui na dele.
Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", "da terra", que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó" e em seguida um do "Leandro e Leonardo". Achei legal, coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais frequente, comecei a chamar todo mundo de "Amigo" e acabei comprando pela primeira vez. Lembro que cheguei na loja e pedi:
- Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.

Era o princípio de tudo!

Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé.
Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... "Banda Eva", "Cheiro de Amor", Netinho", etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: "É o Tchan", "Companhia do Pagode", "Asa de Águia" e muito mais. Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então, meu "amigo" me deu o que eu queria, um Cd do "Harmonia do Samba". Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir. Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela!

Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais. .

Comecei a frequentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência.

Fui ao show de encontro dos grupos "Karametade" e "Só pra Contrariar", e até comprei a "Viva" que tinha o "Rodriguinho" na capa.

Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo.

Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma "música" que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados.

Lembro-me de um dia, quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea: "As Melhores do Molejão". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir.

Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana, quando comecei a escutar "Popozudas", "Bondes", "Tigrões", "Motinhas" e "Tapinhas". Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido.

Quando saía a noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o "caminho das pedras", outros extremistas preferiam o "caminho dos templos". Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach.

Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente.

Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:
Não ligue a TV no Domingo a tarde;
Não escute nada que venha de Goiânia ou do Interior de São Paulo;
Não entre em carros com adesivos "Fui .. "
Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Sabadão do Gugu;
Mulheres gritando histericamente é outro indício;
Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados;
Não compre nenhum CD que a capa tenha nuvens ao fundo;
Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil;
E, não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.
Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos.

A vida é bela!
Eu sei que você consegue!
Diga não às drogas!

terça-feira, outubro 08, 2002

Achei umas músicas do Bob Dylan pra ouvir... Músicas de primeira, aquele violão simples, bem tocado, mas empolgante. Uma gaita sempre acompanhando, as vezes agitada e rápida, outras mais lentas, calmas, melódicas. Outra inspiração para aprender a tocar...

Uma música que eu gosto muito dele é Hurricane. Foi trilha de um filme com o mesmo nome há pouco tempo atrás, mas o filme é o de menos. Ele conseguiu fazer uma música de um pouco mais de 8 minutos, contando a "historia do Hurricane" que foi usada como base para o filme. Acompanhada de um ritmo forte, uma gaita infalível, e a voz rouca de Dylan, essa música empolga qualquer ouvinte. Me lembro de uma ocasião em que estava de carro com a minha irmã, e tocou essa musica no rádio... Aumentamos o som, e ficamos lá, no meio do engarrafamento, nos deliciando com o som, que abafava completamente o barulho dos outros carros e do som de um funkeiro desgraçado...

Here comes the story of the Hurricane,
The man the authorities came to blame
for something that he never done
Put in a prison cell but one time
he could have been the champion of the world

Música recomendada de hoje: Bob Dylan - Hurricane

sexta-feira, outubro 04, 2002

é... foi só falar... ontem voltei numa van pra casa... tocando um pagode dos mais medonhos, e ainda me senta uma gorda do meu lado e vai o tempo todo (45 minutos) cantando todas as músicas... o pior... desafinada que só ela e errada!!! ela errava as letras... muito triste... nunca mais ando de van...

Música recomendada de hoje: o barulho do motor da van...

quinta-feira, outubro 03, 2002

Eu não tenho ouvido muita coisa boa ultimamente... não tenho ouvido música nenhuma praticamente... só tenho ouvido os pagodes e trash-pops que os motoristas de ônibus insistem em ouvir... Hoje foi diferente...

Entro no ônibus, e tava rolando um solo de guitarra... era Pink Floyd tocando uma música que eu não conhecia de nome, mas já tinha ouvido antes... depois tocou alguma coisa que eu também não conhecia, que agradou meus ouvidos... e fechou tocando November Rain, do Guns, uma banda que eu gosto muito. Só que o meu ponto chegou, e eu tive que descer do ônibus... fiquei na curiosidade pra saber o nome das duas primeiras músicas... acho que tenho que ouvir mais rádio...

Música recomendada de hoje: qualquer música boa que toque em ônibus...

bateu uma inspiração divina e eu lembrei o nome do CD do John Mayall... Life in The Jungle... acho que é uma coletânea, não achei pra vender em lugar nenhum, nem na internet... mas achei os mp3...

terça-feira, outubro 01, 2002

Hoje tem uma historinha... Estava eu passeando em Santa Tereza, há uns 2 anos atrás... Aula de Projeto, com uma professora meio maluquinha, mas super gente boa... Entrando num atelier de um artista plástico, além das peças, esculturas e quadros, mais uma coisa me atraiu... Um som tocando ao fundo, bem baixinho... Uma guitarra de blues tocando bem suave, e uma gaita acompanhando... Fui atrás do som, e achei a fonte. Um aparelho de som pequenininho, com a caixa do cd do lado... John Mayall era o nome dele. O nome do CD eu sinceramente não lembro, mas era um dos bons... Cheguei em casa determinado a ouvir alguma coisa dele, procurei na internet até achar algumas musicas... e realmente gostei...

Para quem não conhece, uma credencial... Ele tocou com o Clapton nos Bluebreakers... Quando eu quis começar a tocar gaita, eu ouvi muita coisa dele como inspiração... Tudo bem que nem comecei a tocar gaita, mas um dia eu vou... E o dia que eu tocar como ele, eu vou ser feliz... Sabe uma mistura de guitarra, gaita e voz perfeita, de um grande mestre? Não sabe? Então procure alguma coisa de John Mayall para ouvir...

CD Recomendado de Hoje Aquele CD que eu ouvi em Santa Tereza há 2 anos atrás... Esse mesmo... Lembra?